Tião Carreiro
Homenagem
dos Caboclos do Sertão
Como
no poema de Drummond, Tião gostava de Gonzaga, que gostava de
Tião, que gostava de Vieira, que gostava de Torres e Florêncio,
que gostavam de Cornélio, que gostava da autêntica música
brasileira. Mas antes de consagrar-se como rei da música sertaneja,
José Dias Nunes, o Tião Carreiro - um dos mais importantes
violeiros do País -, adotou, temporariamente, os pseudônimos
de Zezinho, Palmeirinha, Lenço Preto e Zé Mineiro; e fez
dupla com Lenço Verde, Lenço Branco, Coqueirinho e Tietezinho.
Em tempo: Lenço Verde e Coqueirinho eram uma mesma pessoa - Waldomiro,
um primo de Tião.
Na segunda metade dos anos 50, J.D. Nunes, nascido no dia 13 de dezembro
de 1934, teve o prazer de conhecer Diogo Mulero, o Palmeira, que o encaminhou
a Teddy Vieira. Além de lhe dar a oportunidade de gravar o primeiro
disco, Vieira "batizou" Nunes de Tião Carreiro. Detalhe:
na época havia outros Tiões que formavam trios com Rocinha
e Serraninho e Mauro e Gauchinha.Um dia, em 1954, Tião Carreiro
conheceu Pardinho (Antônio Henrique de Lima, um paulista de São
Carlos, nascido no dia 14 de agosto de 1932). Logo os dois se entenderam
e começaram a se apresentar em circos e praças públicas.
Em junho de 1956, os dois conseguiram gravar o primeiro de uma série
de 15 discos de 78 rpm. Agradaram e tornaram-se ídolos. Tião
teve outros parceiros: Carreirinho, com quem gravou nove discos, e Zé
Gregório. Pardinho também: Mirandinha, Zé Carreiro,
Pardal, Peão Carreiro e, mais recentemente, João Mulato.
Entre janeiro e fevereiro de 1959, o mineiro de Montes Claros Tião
Carreiro (José Dias Nunes) e o paulista de Bofete Carreirinho
(Adauto Ezequiel) compuseram e gravaram, no dia 3 de março desse
mesmo ano, uma música a que deram o curioso título de
Pagode, uma espécie de recortado sem ser recortado, que é
uma forma de dança (e música) bastante comum no interior
de São Paulo e outras regiões do país, como Rio
de Janeiro e Minas Gerais. Foi aí que um compositor genial, Lourival
dos Santos, chamou seu amigo Teddy Vieira a um canto prum dedo de prosa.
Conversa vai, conversa vem, Tião foi chamado também para
alguns esclarecimentos e troca de idéias. Logo após esse
encontro, Teddy e Lourival compuseram, num novo ritmo, pagode, Pagode
Em Brasília, originalmente gravado por Tião Carreiro e
Pardinho há exatos 36 anos. A criação desse gênero
musical coincidiu com a inauguração de Brasília,
o que levou seu autores a serem homenageados pelo Presidente da República,
Juscelino Kubitschek.
Tião morreu no dia 15 de outubro de 1993, sem gravar uma música
do Gonzaga. Como pretendia.
Caboclo do Sertão ouve e canta Tião Carreiro
o número 1 no gênero sertanejo
site oficial: www.tiaocarreiro.com.br
As eleitas melhores entre tantas pelos Caboclos:
Moda de Viola: As Três Cuiabanas
Pagode: Nove e Nove
Canção: Amargurado
Dedicamos a Tião Carreiro toda a poesia da vida de um Caboclo.
Texto
sobre a História da Música Caipira
|
Por
Rosa Nepomuceno
colaborador@cliquemusic.com.br
A
Música Caipira
Os cantos religiosos dos jesuítas e as modinhas trazidas pelos
portugueses colonizadores misturaram-se à música e à
dança dos índios senhores das terras recém-descobertas.
Daí surgiram gêneros que se enraizaram especialmente na
região sudeste, depois no sul e centro-oeste do país,
integrando a que ficou conhecida como "música caipira",
como os catiras e cururus, as toadas e modas de viola. A viola cavada
num tronco de árvore, com cordas feitas de tripas de animais,
e depois de arame, foi sacramentada, na cultura rural, como seu instrumento-base.
Entre as palavras do Brasil colonial surgidas do tupi e da mistura do
idioma indígena com o português estão, por exemplo,
"caipira", junção de caa (mato) com pir (que
corta), e cururu, que veio de curuzu ou curu, que era como os índios
tentavam dizer cruz.
Catequistas se moviam
pra provar o seu amor
aos nativos que temiam
o estranho invasor
mas ouvindo o som mavioso
de uma viola a soluçar
o selvagem, cauteloso,
espreitava, a escutar.
(Assim Nasceu o Cururu, Cap. Furtado e Laureano)
O Cururu
O cururu nasceu, pois, dos cantos religiosos marcados por batidas de
pé. Das festas ao redor dos oratórios ganhou os terreiros,
nos acontecimentos sociais das fazendas e vilas. Nos anos 30, Mário
de Andrade viajou pelo interior paulista, nas suas pesquisas, e observou
que no médio-Tietê cururu era desafio improvisado, uma
espécie de "combate poético" entre violeiros-cantadores,
iniciado com saudações aos santos. Dessa forma ele ainda
resiste em cidades como Piracicaba, Sorocaba, Tietê, Conchas e
Itapetininga – a chamada região cururueira do estado. Entre
os cururueiros mais famosos do disco estão os irmãos Vieira
e Vieirinha, de Itajobi, SP (o segundo, morto em 1990), que brilharam
nos anos 50.
O Catira e o Cateretê
O catira ou cateretê surgiu de uma dança indígena,
o caateretê, também adotada nos cultos católicos
dos primórdios da colonização. As bases mais sólidas
de seu reino se estabeleceram em São Paulo e Minas Gerais. Com
solos de viola e coro, acompanhados de sapateado e palmeado, ele começa
com uma moda de viola, entremeada por solos, e evolui para uma coreografia
simples mas bastante rítmica. O clímax, no final, é
o "recortado", com viola, coro, palmeados, sapateados e muita
animação. O catira é o coração de
festas populares como as Folias de Reis e as de São Gonçalo,
hoje particularmente expressivas no interior mineiro. Entre grandes
catireiros estão Tonico e Tinoco (o primeiro, morto em 1994),
que registraram incontáveis sucessos nos anos 40 e 50. Atualmente,
entre os novos-caipiras, o mineiro Chico Lobo é violeiro-cantador
que domina essa velha arte.
O Fandango e o Calango
O fandango, por sua vez, nasceu como dança vigorosa de tropeiros
que o aprenderam no extremo sul do país, com seus colegas uruguaios.
Sofreu modificações nas diversas regiões onde chegou
e ainda é cultivado em alguns núcleos por todo o país,
como no litoral paranaense. Resultante da mistura da música dos
brancos da roça com a dos negros escravos, o calango firmou-se
especialmente no Rio de Janeiro rural e em Minas Gerais. Martinho da
Vila, fluminense de Duas Barras, compôs e gravou alguns bons calangos,
puxados na viola e com instrumentos percussivos.
A Moda de Viola se Destaca
Entre tantos ritmos e estilos formados a partir das toadas, cantigas,
viras, canas-verdes, valsinhas e modinhas, trazidos pelos europeus,
a moda de viola se transformou na melhor expressão da música
caipira. Com uma estrutura que permite solos de viola e longos versos
intercalados por refrões, com letras quilométricas contando
fatos históricos e acontecimentos marcantes da vida das comunidades,
ela ganhou vida independente do catira. E seduziu grandes compositores,
como os paulistas Teddy Vieira (de Buri) e Lourival dos Santos (de Guaratinguetá),
já falecidos, bastante ativos entre os anos 50 e 60. Atualmente,
os mineiros Zé Mulato e Cassiano estão entre os bons compositores
e cantadores de modas de viola.
O Caipira na Cidade
À medida que o país se urbanizou e precisou da mão
de obra barata do povo do interior, levas de artistas caipiras e nordestinos
também chegaram a São Paulo e ao Rio de Janeiro para disputar
seus palcos e estúdios. Assim, emboladas e cocos se misturaram
a maxixes, guarânias, rasqueados, chamamés, boleros, baladas
e rancheiras – e a tudo o que se ouvia no rádio nos anos
50 e nas fronteiras do país. Todas essas matrizes sonoras formaram,
com os gêneros caipiras tradicionais, o que passou a ser sacralizado,
na terminologia do mercado fonográfico, como música "sertaneja".
Mais sons entrariam nesse caldeirão: a partir dos anos 60, o
rock e a MPB dos festivais, e, nos 80, a country music americana.
Os Pioneiros
Entre os marcos das diversas fases da música que nasceu na roça
e hoje, bastante modificada, embala multidões de norte a sul
do país, podemos destacar as primeiras gravações
de modas de viola e de outros gêneros caipiras por violeiros-cantadores
do interior paulista, em 1929 – na série de discos produzida
por Cornélio Pires para a Columbia. Na década de 30, vieram
os sucessos de João Pacífico e Raul Torres, de Alvarenga
e Ranchinho. Já Tonico e Tinoco pontificaram a partir dos anos
40.
Vários Estilos no Saco
O apogeu dos caipiras foi nos 50: levas de duplas, especialmente do
interior de São Paulo, tiveram espaço nobre nas gravadoras
e emissoras de rádio. O filão caipira abrigou, nessa época,
as guarânias de Cascatinha e Inhana e as rancheiras mexicanas
de Pedro Bento e Zé da Estrada. Entre 60 e 70, o aparecimento
de Sérgio Reis e Renato Teixeira – o primeiro saído
da Jovem Guarda, o outro dos festivais da TV Record – agitou o
mundo sertanejo. Exatamente em 1960 um genial violeiro do norte de Minas,
Tião Carreiro, inventava o pagode caipira, mistura de samba,
coco e calango de roda (na definição de outro tocador
e conterrâneo, Téo Azevedo).
O Som “Sertanejo”
Nos anos 80 surgiram a dupla mineira Pena Branca e Xavantinho, adequando
sucessos da MPB à linguagem das violas, e Almir Sater, violeiro
sofisticado, que passeava entre as modas de viola e os blues. A guinada
para a country music, com a adoção de instrumentos eletrificados
e a formação de grandes bandas deu-se a partir do mega-sucesso
de Chitãozinho e Xororó, em 1982. A eles, seguiram-se
outras duplas de sucesso, cada vez mais direcionadas para o romatismo
pop herdado da jovem guarda, como Leandro & Leonardo e Zezé
Di Camargo & Luciano.
Em Tempo de Avanço
Os anos 90 marcaram a convivência de dois segmentos musicais originários
dos gêneros rurais: o dos mencionados sertanejos-pop, voltado
para grandes mercados internacionais, e o dos novos-caipiras - músicos
saídos das universidades, dispostos a retrabalhar a música
"raiz". Estes criaram um circuito de gravadoras independentes
e apresentações em teatros, entre São Paulo e Belo
Horizonte, já se irradiando até o Rio de Janeiro. Os detonadores
desse movimento foram Renato Teixeira e Almir Sater. Entre os nomes
mais expressivos dessa nova geração de instrumentistas-compositores
estão os mineiros Roberto Corrêa, Ivan Vilela, Pereira
da Viola e Chico Lobo, e o paulista Miltinho Edilberto.
O Toque dos Caboclos
Nessa truvada de gente e história, os Caboclos do Sertão
dão a sua palhinha na moda de viola e quem sabe um dia podemos
ouvir falar de uns caboclos fazerem sucessos pelos cantos do mundo e
do universo, desde o sertão até num “desafio no
espaço”, oooh trem sô!!! Nem precisa falar nos nomes,
“não tem ninguém”, mais eu vou citar:
Gustavo Lacerda, Juninho Daladier, Lucas
Fusca e Léo do Zé Omar - é ponteado
de viola, sanfona que não acaba mais!!!
>>>>>>>>>>:::::::::: Caboclos
do Sertão ::::::::::<<<<<<<<<<
Se vancê quiser saber mais sobre a biografia que cada grande violeiro
que já passou e passas por estas Terras Brasilis, além
de Tião Carreiro,
como Almir Sater,
Enúbio de Queiroz,
Zé Côco do Riachão,
Braz da Viola,
Chico Lobo e o mineiro de Abaeté,
Renato Andrade,
entre outros, acesse nossa fonte::
fonte ::
www.caboclovioleiro.hpg.com.br
agradecimentos
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