Na década de noventa, amigos de infância cultivavam a mesma juventude, iam para as fazendas, curtiam os seus afazeres, a lida com o gado, as festanças e a natureza que os rodeava.
Um certo dia, um senhor conhecido como Grilo, caboclo do mato, vizinho de uma das fazendas, ao ver aqueles meninos se divertindo, com uma boa moda de viola e uma deliciosa culinária ao fogão de lenha, proferiu a seguinte a frase: “Vancês são realmente Caboclos do Sertão”.
Aquele momento e aquela frase chamaram a atenção dos que estavam presentes e, a partir daí, todos começaram a se denominar, chamando-se uns aos outros de Caboclo do Sertão.
Ao se deparar com algum gesto ou alguma atitude típicos, os amigos gritavam e se orgulhavam, dizendo: “Aoh Caboclo do Sertão!”.
Os meninos cresceram, tomaram seu rumo, mudaram-se, se firmavam em sua vida pessoal, mas duas coisas extremamente fortes ficaram enraizadas naquelas juventudes: a amizade e a famosa alcunha de “Caboclo do Sertão.”
Ligados por esses sentimentos e por Dores do Indaiá, vários desses amigos continuavam a se encontrar e alimentaram a chama. Até que um dia começaram a se organizar no formato de comitiva, batizada pela famosa alcunha. Nasceu, então, a entidade que ligava todos de alguma forma, em algum momento e por aquela afinidade, amizades e atividade.
O grupo foi crescendo, homogêneo, sustentável, independente e com os primeiros jovens à frente, gerenciando a organização da comitiva.
Aproximadamente em 10 de janeiro de 1999 foi realizada a primeira Cavalgada para a Fazenda Porcos, com iniciativa de Fernando Cruz, o Bode. Esta data passou a ser considerada como o início das atividades da comitiva.
Daí por diante, várias atividades foram feitas, como encontros e reuniões de amigos: Cavalgada para a Fazenda Brejão, primeiras participações para a Cavalgada de Padre Libério, em Leandro Ferreira, o Réveillon na Fazenda Barra Grande, em 2001, e o Baile Red Rock (Touro de Rodeio) , no mesmo ano.
Em maio de 2002, o fundador Flávio Mendes, apelidado naquela época de Caboclo, criou o primeiro site de internet da Comitiva, que perdurou até 2012, quando foi remodelado. Com o site, as atividades registradas ainda no período do filme de revelar, foram essenciais, além dos comentários no mural, para interagir aquela jovem comitiva.
Em junho daquele ano, foi confeccionada a primeira camisa bordada, para a Cavalgada de Leandro Ferreira (homenagem à Padre Libério), coincidentemente no final da Copa de 2002, onde houve muitas histórias e alegrias pelo penta em meio a uma cavalgada.
A partir de 2004, o grupo de amigos, começou a pedir por uma organização maior e melhor frente à comitiva. Institui-se, então, o primeiro presidente, Lucas Camargos, famoso Fusca, um dos grandes fundadores.
Naquele ano, realizou-se a confecção da Camisa Gold, homenagem a um caboclo falecido e muito amigo de todos, João Rafael. E aproveitando o ensejo, uma festa foi realizada para lembrá-lo junto aos seus familiares, em especial Dona Graça, sua mãe.
Posteriormente, em novembro de 2008, Dona Graça se juntaria com Balbina Alves, Daladier Alcântara e os fundadores Alan Assis, Fernando Cruz, Fernando Baeta, Flávio Mendes, Haroldo Lopes, Lucas Camargos e Uverlando Vieira, criando a Associação Comitiva Caboclos do Sertão, entidade sem fins lucrativos e de cunho cultural.
Com o passar dos anos, a associação realizou diversos eventos, como sua tradicional festa de outubro, participação durante a Exposição Agropecuária de Dores do Indaiá, torneios para cavaleiros, como provas e enduros a cavalo, além das tradicionais cavalgadas.
Tudo isso não poderia se concretizar e perdurar se não fosse aquela frase inicial do Grilo, se não fosse a forte amizade desses eternos garotos, e se não fosse o forte elo que criaram. A Comitiva Caboclos do Sertão, cultiva e mantém, por onde passa, as tradições caipiras e sertanejas, os bons tratos na lida com animais, o respeito à natureza, às comunidades que representam e aos seus fãs, participantes, associados, incentivadores e parceiros.
Então, seja na chuva ou na poeira, no sol ou no frio, de dia ou à noite, no sertão ou na cidade, tenha certeza de que a Comitiva Caboclos do Sertão tem, em seus associados, o prazer maior de um sertanejo em seus corações, o ORGULHO DE SER CAIPIRA.
Texto: Flávio Mendes – Caboclo